A bicha sou eu

A bicha sou eu

Escrevo este post sem me desculpar minimamente das declarações com sentido de humor que fiz no programa do Herman.

Primeiro: sou fã do Herman há anos, quando o vi pela primeira vez numa festa dos Emmys em Portugal (a qual estava apresentar), levantei–me, abracei-o e declarei-me. Sempre amei comédia, sempre foi o meu sonho trabalhar mais em comédia e o Herman, como gosto de dizer, é The King em Portugal.

Largando esta parte lamecha, quando recebi o convite para ir ao programa não podia ter ficado mais feliz,  fui muito bem tratada e comportei-me como sempre – sincera e transparente. Alguns de vocês que me seguem já sabem que o politicamente (supostamente) correcto neste país não é a minha praia. E disse com sentido de humor, mas com a maior receptividade do mundo, que queria um filho bicha pois tinha sonhado a vida toda com uma rapariga e vou ter uma rapaz.

Na minha família de sangue tenho um casamento, aliás tenho vários, mas tenho um que é entre duas pessoas do mesmo sexo. Os meus melhores amigos são gay (trato-os por bicha e eles chamam-me o mesmo a mim) e nem todos tiveram a sorte de ter uma mãe que os aceitasse exactamente como são. Eu não sei o que o meu filho vai ser, só espero que seja saudável e seja lá qual for a sua orientação sexual terá sempre um tratamento igual de mim. Não me considero uma mulher muito à frente por isso, apenas uma mulher normal e não preconceituosa. Odeio preconceituosos!

No último ano juntei-me à Levi’s na campanha da sua colecção Pride, que deu origem à capa da Parq pela igualdade LGBT.  Com a marca também fiz uma colecção-cápsula em que personalizei um casaco Trucker, que acabou por ficar também ele com esta temática para deixar que cada um se expressasse como quisesse.

Apesar de ter namorado e de estar grávida de um rapaz, para vosso choque sou uma pessoa que gosta de pessoas e não liga a rótulos. E o que me choca com as coisas que leio não são as ofensas à minha pessoa (algumas horríveis! “Devias morrer” por exemplo), são sim as ofensas a todas as diferentes orientações sexuais! Há quem as trate como doenças ou o que for, e isso faz-me muita confusão.

Aqui apenas deixo a minha pena por todas as pessoas que vivem a discriminar os outros , porque claramente têm sentimentos retraídos nesses corações. A forma como tratamos o outro é sempre um reflexo dos nossos próprios sentimentos.

Agora vou ver Ru Paul’s Drag Race. Pode ser que em vez de um filho bicha tenha a sorte de ter um filho drag que me maquilhe  e encha de cores até ao fim da vida.

Beijos lovers!