Travel Log #5

Travel Log #5

Tinha planos para vos contar da minha vinda a Ubud, da meditação no yoga barn (que é demais) e do quão bonito isto é, mas fica para outro dia, tenho de vos contar esta história.

Há dois dias, saio da minha sessão de meditação e, a conversar com o taxista, perguntei-lhe o nome. Ele disse:

– My name is Ketut.
– Ohh the same name of the medicine man in Julia Robert’ film “Eat Pray Love”.
– Yes, only four Ketut in Ubud. I’m know Ketut, he lives 10 minutes from here.

Eu obviamente tive o meu momento de excitação e pedi de imediato ao Ketut 4 (o taxista) que me levasse lá no dia seguinte. E assim foi, apanhou-me à entrada do hotel às 8 da manhã.

Fui o caminho todo a pensar que nunca seria atendida porque não tinha marcado, que provavelmente ia ser uma fortuna, mas o Ketut 4 explicou-me que ali ninguém marca, é por ordem de chegada e que tanto podia esperar uma hora como entrar logo…

Cheguei e fui a segunda pessoa a entrar. Perguntou me o que queria fazer e eu respondi que queria que ele me fizesse o que achava que eu precisava. Sentei-me, ouvi-o sempre com um sorriso na cara. Entre cada frase que me dizia, repetia: “I’m old”…  E mostrava-me os dentes que não tinha na boca com um sorriso de orelha a orelha.

Atirou-me com umas gotas de água, e ainda me deu um copo com arroz e qualquer coisa misturada nele com água para beber. Eu naquele segundo só pensava “espero não ter BB”… BB é Bali Belly, que é o que todos os turistas têm quando vêm de férias, mas confiei, até porque olhei para ele e ele disse:

You can harmony with me.

Como duvidar com o amor de Ketut a dizer-me isto.

Pôs-me uma flor na orelha e ainda me fez uma pulseira, que tenho neste momento no pulso. Disse-me várias coisas, algumas que naturalmente não posso partilhar mas com sentido de humor disse-me: “You are not married”. Eu que ate não sou nada céptica e adoro estas coisas, pensei: “Fácil, não tenho aliança.” Mas depois ele disse-me, “Eu sei que estás bem e feliz mas a perda foi dele”.

Com isto rimos os dois, até soltei uma gargalhada alta demais.

No meio disto tudo, enquanto estava a falar com Ketut na casa dele, com a família dele e com o único filho dele sentado ao meu lado a ajudar a traduzir muitas palavras que faltavam ao pai, passavam galinhas e crianças a chorar. Um ambiente familiar, tão bom.

Foi uma experiência espectacular, não por ele ser o curandeiro conhecido do filme mas porque ele é literalmente o homem mais querido que já conheci na vida, tem uma bondade e uma energia fantástica, não fiz outra coisa se não rir desde que saí de lá.

Que paz.

Beijos

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